A professora Lúcia (Débora Bloch), no centro, e as pessoas em situação de rua (foto: Maurício Fidalgo)
A primeira temporada de Segunda Chamada, que foi exibida na Rede Globo em 2019, foi um tapa na cara da sociedade brasileira ao mostrar as dificuldades de uma escola pública da periferia de São Paulo. Eu adorei tudo: roteiro, elenco, direção...
A segunda temporada, que estreou no Globoplay, teve um problema: por causa da pandemia, seus doze capítulos tiveram de ser reduzidos para seis, o que acabou comprometendo o desenvolvimento de personagens e de subtramas igualmente interessantes. Isso, porém, não quer dizer que a série perdeu o impacto ou a representatividade.
Um novo ano letivo começa na fictícia escola Carolina Maria de Jesus e, logo no início, já desponta uma dificuldade: o colégio pode fechar as portas, já que o número de matriculados caiu muito. A professora Lúcia (Débora Bloch) tem, então, a ideia de convencer um grupo de pessoas em situação de rua a voltar a estudar.
Há muitos assuntos explorados na série: o machismo, a homofobia, o feminicídio, a doença de Alzheimer, o drama do cadeirante e sobretudo, o preconceito que os alunos, todos de origem humilde, têm com um indígena e com os miseráveis que vivem sob um viaduto.
No quesito romântico, o namoro dos professores Marco Aurélio (Silvio Guindane) e Sonia (Hermila Guedes) engrena enquanto Lúcia se identifica com a tragédia por que passou o alcoólatra Hélio (Ângelo Antônio). E Eliete (Thalita Carauta) continua interessada no diretor Jaci (Paulo Gorgulho).
Se todos os protagonistas têm seus momentos de brilho, o mesmo vale para os coadjuvantes, sobretudo aqueles com poucas oportunidades na TV. É o caso de Rejane Faria (Néia), que estava soberba na série Colônia, Pedro Wagner (Valdinei), Vilma Melo (dona Maria) e Tamirys O’Hanna, que faz um personagem surpreendente.
É evidente que, com os cortes, algumas histórias ficaram pela metade. Mas, além de esperar, ansiosamente, pela terceira temporada, tenho certeza de que esses detalhes serão acertados.
