Nicolás Reyes Cano e Javier Cámara: o filho e o pai têm uma relação de carinho (foto: divulgação)
Criado em 2014, o Prêmio Platino escolhe os melhores do cinema ibero-americano. A edição deste ano, para melhor filme, estava recheada de bons títulos, como Adú (Espanha), Crimes em Família (Argentina), Nova Ordem (México) e Três Verões (Brasil). Mas o grande (e injusto) vencedor foi A Ausência que Seremos, da Colômbia, disponível na Netflix.
Além de melhor filme, levou os prêmios de direção (Fernando Trueba), ator (Javier Cámara), roteiro e direção de arte. A história tem início em 1983 quando Héctor, que mora na Itália, volta a Medellín para acompanhar a cerimônia de aposentadoria de seu pai, também chamado Héctor (Javier Cámara). O roteiro, então, retrocede a 1971 para acompanhar a vida da família e quando o caçula Héctor era chamado de Quiquin (Nicolás Reyes Cano) pelos pais e as cinco irmãs.
Héctor, o pai, é médico e dá aulas de anatomia na faculdade. Leva uma vida confortável, porém sem luxos, e se preocupa com as questões sociais, sobretudo a situação de extrema pobreza que atinge a periferia da cidade. É um homem de bom coração, visto pelo filho como um herói.
Em sua primeira hora, dá-se a impressão de que o filme irá na direção do belíssimo Roma, ao tingir de nostalgia uma trama memorialista ambientada também na década de 70. Mas há dois grandes problemas em A Ausência que Seremos: o roteiro e a direção, absurdamente premiados no Platino.
Após uma longa introdução da família, a história apressa o passo, abandona personagens e situações para chegar a uma conclusão extremamente melodramática, já em 1987. O realizador peca por abusar da manipulação e, assim, levar o espectador às lágrimas.
No fim das contas, o filme, que traz a história real de Héctor Abad Gómez, não define se o foco está no pai ou no filho - e muito menos qual foi a importância do médico para ganhar uma biografia. Para quem não é colombiano, é um retrato vazio de informações e carente de emoções genuínas.
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