Annamaria e as crianças entre Alessandro e Arturo: desenlace poético no filme italiano
Ferzan Ozpetek, turco radicado na Itália, é um diretor gay que costuma abordar temas LGBTs em sua filmografia. Alguns de seus filmes foram lançados por aqui, como Um Amor Quase Perfeito (2001) e O Primeiro que Disse (2010). Inédito nos cinemas brasileiros, A Deusa da Fortuna, disponível na HBO Max, é seu mais recente longa-metragem.
Aos 62 anos, Ozpetek está amadurecendo como os personagens de seus filmes. O casal gay aqui é formado pelos cinquentões Arturo (Stefano Accorsi) e Alessandro (Edoardo Leo), que estão juntos há quinze anos, moram num apartamento em Roma e vivem um relacionamento aberto. Alessandro trabalha como encanador e Arturo faz traduções.
Annamaria (Jasmine Trinca) chega de surpresa com os dois filhos. Mãe solteira, ela precisa fazer uns exames médicos e deixa as crianças por uns dias com o casal de amigos. A partir daí, a história caminha por momentos inesperados, embora com alguns tropeços na previsibilidade.
Também um dos roteiristas, Ozpetek desenvolve bem os papéis dos protagonistas, que escondem segredos e guardam ressentimentos. A relação que se forma entre eles e as crianças também funciona - vai do estranhamento à dedicação com muita naturalidade.
Por mais que o desfecho aponte para um caminho emocionante, o realizador, felizmente, se afasta do sentimentalismo barato e dá à trama um desenlace poético.
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