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Foto do escritorMiguel Barbieri

A Jaula: o Brasil nu e cru, sem mocinhos nem vilões


Chay Suede em A Jaula: transformação física


A Jaula, que chegou no Star+, poderia ter sido realizado durante a pandemia. Tem, praticamente, um só ator em cena e um único cenário. Só que não foi. Gravado em 2018 e estrelado por Chay Suede, o filme demorou para chegar às telas, porém o resultado é muito satisfatório.


Chay interpreta Djalma, um ladrão que vê uma boa chance de roubar o aparelho de som de um SUV, estacionado numa tranquila rua de São Paulo. Ao tentar sair do veículo, ele se dá conta de que está trancado. E assim permanecerá por dias, sem água e comida. Pelo rádio, o proprietário do automóvel (Alexandre Nero) passa a se comunicar com ele.


Embora tenha dirigido documentários, como Pixo e Junho - O Mês que Abalou o Brasil, o fotógrafo João Wainer se lança na ficção com um filme claustrofóbico, inquietante e disposto a incomodar com sua visão da violência urbana. Mesmo que a ação se passe 90% dentro do carro, o drama tem agilidade, certo humor e concentra sua tensão na transformação física e psicológica do protagonista - e Chay Suede rende muito bem no papel.


O abismo socioeconômico do Brasil rende um ótimo registro em que ambos os lados estão errados. Não há vilões nem heróis - apenas brasileiros, de classes sociais distintas, na luta pela sobrevivência - mas cada um à sua maneira.


Vale lembrar: A Jaula é um remake de 4X4, do argentino Mariano Cohn. Ou seja: os problemas da Argentina são os mesmos do Brasil.





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