Demi Moore: a estrela decadente volta a brilhar
Demi Moore foi uma grande estrela na década de 90 estrelando filmes de sucesso como Ghost, Proposta Indecente, Questão de Honra e Assédio Sexual. Mas como acontece com nove entre dez atrizes, a idade foi chegando e os bons papéis foram ficando escassos. Ouso dizer que A Substância, disponível na MUBI, é o melhor momento de Demi no cinema e, talvez, seu retorno triunfal na competição pelo Oscar.
Mas não é só a atuação de Demi que causa impacto. O filme todo é uma paulada, desde a realização ousada até o roteiro ácido, não à toa premiado no Festival de Cannes deste ano.
A diretora Coralie Fargeat já tinha mostrado talento em Vingança (2017) e volta como mais sangue nos olhos e criatividade numa história bizarra que faz uma dura crítica aos padrões impostos pela sociedade que, para se manter no topo, você precisa estar sempre jovem.
E é o que busca Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma atriz que brilhou no passado e, agora, tem um programa fitness na TV (lembrou de Jane Fonda?). Só que ela é demitida por estar "velha" e procura uma "substância" para se manter intacta.
Não vou adiantar mais nada porque seria estraga-prazeres. A história vai tomando rumos cada vez mais estranhos, enigmáticos e nojentos (no bom sentido, para quem gosta do gênero). A roteirista/diretora bebe em várias fontas e isso só torna o programa ainda mais vibrante para os cinéfilos. A Substância tem algo de Cronenberg e de Lynch, só que com uma potente verve feminina, capaz de deixar o espectador sem chão.
O filme é uma mistura de Barbie com barbaridades. Fotografia excelente, mas só isso não basta. Quase desisti na metade, mas resolvi dar uma chance pra diretora. Me arrependi, Fargeat não sabe como acabar o filme e resolve jogar sangue no ventilador (pra não dizer outra coisa). Só valeu pela interpretação da Demi. Aliás prefiro ela coroa do que a cópia rejuvenescida. Resumindo, um lixo pra ser esquecido. Só acho.