Foto: divulgação
A mais recente realização de Ryan Murphy é Halston, da Netflix. Adorei! Sou fã de Murphy, o criador (e muitas vezes roteirista, produtor e diretor) de séries, minisséries e filmes como Hollywood, Ratched, O Assassinato de Gianni Versace, Pose e Os Rapazes da Banda.
Murphy, em apenas cinco episódios (queria mais!), dá conta de mostrar a ascensão e queda de Roy Halston, estilista que começou sua carreira com um golaço: fez um chapéu icônico para Jacqueline Kennedy, então primeira-dama dos Estados Unidos, em 1961. Seu sucesso durou até que os chapéus saíssem de cena. Halston não se deu por vencido e entrou para valer no ramo da moda, usando seu carisma e talento para fazer coleções de parar o trânsito (só para usar uma expressão daquela época).
Halston virou uma grife e teve seu nome estampado em perfumes, lingeries, malas de viagem... Ou seja, algo que, hoje em dia, é comum, mas, na década de 70, era raro.
A minissérie vasculha a intimidade e a obra do artista com uma intensidade ímpar. Murphy não é de meias-palavras. Mostra desde o lado genial (e instintivo) do criador e também seus ataques de egocentrismo e intransigência. Na vida pessoal, Halston se afundou na cocaína, a droga que moveu a década de 80, e teve um relacionamento problemático com um garoto de programa. Liza Minnelli, sua grande amiga, tem papel de destaque e ganha atuação empenhada de Krysta Rodriguez (sua interpretação na canção Liza with a Z é estupenda).
Halston é ainda mais marcante pelo desempenho de Ewan McGregor. Alguns dizem que ele está caricato. Discordo. Halston, por cenas de um documentário que vi no YouTube, falava afetadamente e tinha um olhar de soberba, algo que McGregor traduz muito bem em sua composição.
Os figurinos são impecáveis e a recriação da Studio 54, lendária discoteca de Nova York, chega a arrepiar. Eu vivi os anos 80 e posso ser suspeito em ter gostado muito por um clique na memória afetiva. Para quem quer conhecer um pouco da efervescência daquela década e do talentoso Halston, eis uma grande chance.
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