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Foto do escritorMiguel Barbieri

Shiva Baby: transgressão na comunidade judaica


Foto: divulgação


É atraente a estreia em longa-metragem da diretora Emma Seligman, canadense que estudou cinema em Nova York e, lá, realizou seu primeiro curta. Shiva Baby, que está disponível na MUBI, é o longa derivado do curta e amplia a história de uma garota que, de certa forma, faz uma transgressão na comunidade judaica americana.



Na primeira cena, a jovem Danielle (Rachel Sennott) acabou de transar com Max (Danny Deferrari) e recebe um telefonema. Ele a abraça fortemente e promete pagar seus estudos. Ela quer o pagamento pelo sexo. Não fica muito claro, mas estamos diante de um caso de sugar baby/sugar daddy - a relação em que homens maduros oferecem presentes e dinheiro a mulheres novinhas em troca de sexo.


Na sequência seguinte, Danielle encontra seus pais e, juntos, vão a uma shivá, cerimônia judaica de sete dias de luto. O ritual é realizado dentro de uma residência no Brooklyn, em Nova York, onde há comes e bebes e muito bate-papo. Danielle, desconfortável entre tantas pessoas mais velhas, fica pasma ao saber que Max, seu sugar daddy/amante, está na casa e, para piorar, conhece seus pais.


A realizadora usa praticamente uma única locação em uma narrativa em tempo real. Isso, porém, não impede que o filme tenha fluidez. A cineasta sabe tirar proveito do espaço e borda seu roteiro com situações embaraçosas. Pontilhados de humor, os diálogos são ácidos e saborosos e as saias-justas vão despontando ao longo da trama.


O que sobressai nas estrelinhas, contudo, é o desabrochar de uma estudante carente, em conflito com sua sexualidade e precisando de uma autoafirmação, que chega por meio do sexo pago. É uma visão polêmica, sem dúvida, porém inspirada em casos reais, recolhidos pela diretora em sua vida universitária.





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