Foto: divulgação
Li muitos comentários negativos de colegas em relação à cinebiografia de David Bowie (1947-2016). Também me decepcionei com algumas coisas, mas até achei positivo o saldo geral de Stardust, que chegou ao streaming do Telecine.
A primeira qualidade está no recorte. O roteiro não pretende dar um amplo painel da vida e da carreira de Bowie e se concentra apenas no ano de 1971, quando o cantor saiu da Inglaterra para fazer sua primeira turnê nos Estados Unidos.
Fica claro desde o início que Stardust tem muitos lances ficcionais. Ou seja: nem tudo foi exatamente como aconteceu. Será que Bowie foi mesmo barrado na imigração americana por não ter visto de trabalho? Será que perdeu entrevistas porque estava drogado ou transando?
Não sou profundo conhecedor de David Bowie e, apenas como um admirador de seu estilo e de sua obra, passagens como essas não me incomodaram.
Mas alguns "detalhes" me deixaram desgostoso. Um deles é a insistência em querer mostrar Bowie como "exótico", "lunático", "transgressor"... Sim, ele usava vestidos, maquiagem e era um homem à frente de seu tempo. Mas, do jeito que é retratado, fica a impressão de que era irresponsável.
A escolha do ator Johnny Flynn para interpretá-lo é, contudo, a maior falha, na minha opinião. O intérprete não tem um milésimo do carisma de Bowie e muito menos se assemelha fisicamente ao camaleão do rock.
Foram memoráveis as atuações de Rami Malek como Freddy Mercury em Bohemian Rhapsody e de Taron Egerton como Elton John em Rocketman. Stardust tem um protagonista sem sal, o que só faz de David Bowie um homem sem personalidade, o que, definitivamente, ele não era.
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