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Foto do escritorMiguel Barbieri

3 indicados ao Oscar de filme internacional: qual é o melhor?

Seydou e o primo: do Senegal para a Europa


Foi coincidência, mas três dos cinco indicados ao Oscar de melhor filme internacional chegam nesta quinta (29) aos cinemas. Mas qual deles é o melhor: o italiano Eu, Capitão, o alemão A Sala dos Professores ou o japonês Dias Perfeitos?


A Sala dos Professores é o único do trio que tem um diretor contando uma história ambientada em seu país de origem. Ilker Çatak (filhos de turcos) mostra a jornada da professora Carla (a ótima Leonie Benesch). Ela leciona num colégio para alunos na faixa dos 10 anos e vai tomar uma atitude polêmica quando roubos ocorrem na sala dos professores.


O ato faz detonar uma interessante discussão em torno da ética profissional, que envolve dos professores aos estudantes, dos pais à diretoria. É um filme correto e envolvente em sua proposta e com um belo desfecho em prol da educação. Mas não acho que é o caso de ganhar o Oscar e nem de estar entre os concorrentes (o finlandês Folhas de Outono é bem melhor).


Dias Perfeitos é, talvez, o filme mais delicado do Oscar (até entre os indicados a melhor filme). Mostra o cotidiano de Hirayama (Kôji Yakusho), um faxineiro que limpa banheiros públicos de Tóquio. A trama mostra sua solitária rotina diária, só interrompida por um problema com seu assistente, uma visita da sobrinha e o encantamento pela dona de um restaurante.


A simplicidade do filme é movida por uma poderosa trilha sonora. Ao conduzir em direção ao trabalho, o protagonista gosta de ouvir clássicos americanos dos anos 70, como Perfect Day, música de Lou Reed. O que me "incomoda" em Dias Perfeitos é quem está por trás das câmeras. Nada contra o trabalho e a bela filmografia do alemão Wim Wenders, mas, às vezes, me deu a impressão de ele estar contando uma história muito japonesa pelo olhar de um estrangeiro. Wenders (também roteirista) só vê beleza na vida de Hirayama, não há ruídos e raros atritos. Um último comentário: Kôji Yakusho levou o prêmio de melhor ator em Cannes e, com poucas palavras, eleva seu personagem ao panteão dos memoráveis.


Eu, Capitão também tem um diretor europeu (o italiano Matteo) dando sua visão sobre os refugiados africanos. Me "incomoda", igualmente, o olhar estrangeiro, mas, aqui, me parece algo que combina com a realidade de quem deixa seu pobre país em busca de um futuro melhor.


É o caso de Seydou (o espetacular Seydou Sarr), de 16 anos, e de seu primo. Eles saem da Dakar, no Senegal, para viver na Itália. Só que uma série de acontecimentos inesperados (ou nem tanto) vão tornar a viagem num inferno. Garrone dirige atores estreantes com impressionante talento e, por mais que a gente já tenha visto tramas parecidas (como a de Adu, que está na Netflix), Eu, Capitão tem o diferencial de mostrar a persistência e resistência de um adolescente em meio à solidariedade.


Mas respondendo à pergunta inicial. Qual deles é melhor? Confira pelas estrelas abaixo.


A Sala dos Professores


Dias Perfeitos


Eu, Capitão




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