Cena do documentário: David Bowie por Bowie
Sempre admirei o talento de David Bowie (1947-2016), mas nunca fui um grande fã do cantor e compositor inglês. Gostava até mais da "personagem" Bowie, o camaleão do rock que sempre se transformou ao longo de quatro décadas. Mas eu gosto de cinema e o que se vê em Moonage Daydream, documentário musical sobre Bowie, é cinema/audiovisual superlativo. O filme está disponível em plataformas de aluguel, como o NOW, AppleTV+ e Prime Video.
O diretor Brett Morgen quer evitar, sobretudo, o convencional, algo que, certamente, faz jus a Bowie. Tanto que, na primeira entrevista do filme, da década de 70, Bowie revela ser bissexual. E vemos o cantor esbanjando certa timidez e muita acidez em outros depoimentos. Há uma cronologia para não nos perdermos na linha temporal, mas o realizador dá atenção a dois momentos: a fase glam rock e o icônico Ziggy Stardust e a era dance music do início da década de 80. São dois Bowies distintos e que "brigam" entre si: o andrógino alternativo versus o popular cantor de terno com ombreiras dos hit Let's Dance e China Girl.
Morgen também despreza depoimentos de outros. É Bowie por Bowie em tempo integral (duas horas e quinze), seja nas várias apresentações musicais completas (e aí, sim, precisa ser fã), seja nos bate-papos com a imprensa.
O que mais me fascinou, contudo, é a colagem e a pesquisa. Com uma narrativa hipnótica, por vezes lisérgica, o filme mostra centenas de imagens, muitas sobrepostas, de Bowie, com fragmentos de filmes, as referências audiovisuais do artista. Como disse acima, é uma prato farto - para quem gosta de música, de Bowie e de cinema.
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