Bheem enfrenta o tigre: fome de vingança
Não sou um profundo conhecedor de trabalhos de Bollywood, a indústria do cinema comercial indiano. Acho quase tudo pasteurizado em filmes com duração muito longas. Mas, por indicação de um amigo, dei uma chance a RRR - Revolta, Rebelião, Revolução, disponível na Netflix. E confesso que tive uma baita surpresa!
É difícil até de resumir o que ocorre nos frenéticos primeiros minutos. Num vilarejo da década de 20, uma garotinha é raptada por um casal de colonizadores britânicos e levada para um palácio de Nova Deli. Corta!
Raju (Ram Charam) é um oficial indiano que serve à Coroa Britânica e, por isso, é considerado um traidor da pátria. Bheem (N.T. Rama Rao Jr.), irmão da menina sequestrada, é um rebelde que pretende resgatá-la das mãos dos imperialistas. Só posso dizer que Raju e Bheem vão se tornar amigos.
São três horas de duração que valem a pena, numa mistura de (muita) ação, drama e romance. Os personagens ingleses são estereotipados, dizem frases de efeito e têm atitudes dos mais temidos vilões. O povo indiano é massacrado, enxotado e humilhado. Mesmo tendencioso, o filme cumpre o que promete: dar entretenimento e informações históricas às novas gerações da Índia. Fico só imaginando RRR sendo exibido num cinema local, com plateias vibrando e aplaudindo as cenas em que os heróis vão à luta para derrotar o inimigo.
A realização do diretor S.S. Rajamouli, que não filmava desde 2017, tem momentos extraordinários, com absurdas, inacreditáveis e deliciosas cenas de ação - a invasão ao palácio, com animais digitais, é um dos pontos altos. Chega a ser divertido.
Já que a Índia não tem seus super-heróis da Marvel,
os dois protagonistas os substituem com força e agilidade descomunais. Raju consegue enfrentar uma centena de conterrâneos no muque e Bheem é um prodígio na luta contra tigres (!).
E, é claro, como nos filmes de Bollywood, há danças e cenas musicais - e eu adoro as coreografias indianas, sobretudo as que aparecem no desfecho apoteótico.
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