top of page
Foto do escritorMiguel Barbieri

Titane: sexo com carros, mortes e identidade dupla



Titane, disponível com exclusividade na MUBI, foi o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2021 e o filme escolhido pela França para o Oscar 2022. Já ficou de fora dos quinze pré-finalistas - e não sem motivos. Titane é ousado, violento, agressivo, transgressor, sexualizado e perturbador, adjetivos que não combinam com a tradicional Academia de Hollywood.


É o segundo longa-metragem da talentosa diretora e roteirista Julia Ducournau - o primeiro foi Raw, de 2016, em que uma vegetariana, ao experimentar carne, vira adepta do canibalismo. Como se fosse uma discípula de David Cronenberg, Julia também é provocadora e gosta de incomodar com histórias, no mínimo, estranhas e instigantes. Nem tente encontrar saídas para um cinema de alto impacto e simbologias.


Tudo começa com um acidente de carro que mudou a vida da menina Alexia, que teve uma placa de titânio (o titane do título original) implantada em seu crânio. Ao sair do hospital, a garota acaricia um automóvel.


Já adulta, Alexia, interpretada pela fabulosa Agathe Rousselle, virou uma modelo que se apresenta sensualmente em feiras de automóveis. É famosa, dá autógrafos e demonstra um apetite para matar. Alexia vira uma serial killer, já que não sabe distinguir a morte do sexo. Seu prazer, acredite se quiser, é transar com carros (veja o filme para ver como isso é possível).


Em fuga, Alexia, que tem uma aparência andrógina, decide assumir outra identidade. Vou parar aqui para não dar spoilers.


Titane é sobre a (não) compreensão do próprio corpo e sobre desejos reprimidos. Palavras não são ditas e atitudes são inesperadas. A aproximação de Alexia com personagem de Vincent Lindon é sensível - duas pessoas perdidas que se entendem apenas com olhares. Mas o filme não foi nem será unanimidade, justamente por ir na contramão do convencional e do burocrático.


Além de rejeitado no Oscar, Titane foi esnobado em sua própria casa, o César (o Oscar francês). Só recebeu quatro indicações: melhor direção, atriz revelação (Agathe), fotografia e efeitos visuais.





566 visualizações

Posts recentes

Ver tudo

© 2023 por Miguel Barbieri

bottom of page