Paul Mescal e Andrew Scott: amor incomum
Comprei gato por lebre. Todo o material de divulgação de Todos Nós Desconhecidos, em cartaz nos cinemas, me levou a acreditar tratar-se de um romance entre os personagens de Paul Mescal e Andrew Scott. Mas não foi bem isso que eu vi (ou senti) ao longo do filme.
Adam (Scott) é um roteirista que mora num edifício vazio em Londres. Até que, inesperadamente, Harry (Mescal) bate à sua porta e está embriagado. O estranho se insinua, querendo algo mais do que companhia, mas Adam, que é gay, fica firme e forte e não aceita a cantada.
Ao querer saber mais sobre sua infância para escrever seu novo roteiro, Adam volta à casa onde viveu e lá reencontra seus pais (interpretados por Jamie Bell e Claire Foy). Eles já morreram, trinta anos antes, mas Adam tem longas conversas com os mesmos, na época do acidente que os vitimou.
Ao voltar para casa, Adam reencontra com Harry no saguão do prédio. Conversa vai, conversa vem e os dois acabam na cama e, aí sim, tem início uma história de amor. Mas não é uma história comum.
O roteiro vai entremeando esses dois momentos da vida de Adam: o turbulento romance com os bate-papos com os pais. Tem-se um denominador comum ao desfecho que, para mim, não foi nenhuma surpresa.
Há momentos belos e delicados, já que Andrew Haigh, diretor do filme 45 anos (2015), tem uma sensibidade aguçada. Mas não se deixe enganar: Todos Nós Desconhecidos não é um romance gay, como está vendendo o marketing - é um filme espírita, extraído do livro do japonês Taichi Yamada.
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